“Everybody
comes to Rick’s”.
Algumas reflexões sobre a situação política mundial em Casablanca.
Por Rafael Belló Klein
Mestrando em História na PUCRS
O filme Casablanca é, sem a menor dúvida, o que podemos chamar de um
clássico do cinema norte-americano e mundial.
Dirigido pelo húngaro-americano Michael Curtiz, em 1942, foi
protagonizado por dois dos maiores ícones culturais do cinema internacional:
Humphrey Bogart e a bela atriz sueca Ingrid Bergman. A película, vencedora de
três prêmios do Academy Awards de 1943, incluindo o de Melhor Filme e o de Melhor
Diretor para Curtiz, se não alcançou um estrondoso sucesso à época de seu
lançamento (apesar de ter sido sim consideravelmente bem-sucedida), foi
inúmeras vezes aclamada como uma das maiores já produzidas.
As razões para um reconhecimento tal
são muitas. Além das grandes atuações de Bogart e Bergman, cuja beleza é um
atrativo à parte, são frequentemente mencionados a trilha sonora marcante, em
especial a canção “As Time Goes By”, interpretada no filme pelo pianista Sam
(Dooley Wilson), e o roteiro muito bem escrito – o qual, aliás, lhe rendeu o
seu terceiro Oscar, o de Melhor Roteiro Adaptado –, permeado por diversos
diálogos e frases memoráveis, desde o próprio verso de abertura de sua canção
tema, “You must remember this...”, até aquela que encerra a película, “I think
this is the beginning of a beautiful friendship.”
Quero, no entanto, salientar aqui outro
elemento que contribui vivamente para o sucesso do filme, o qual certamente não
passa despercebido, especialmente aos olhos do historiador: o tumultuado
contexto político internacional, que torna o ambiente exótico da cidade
marroquina de Casablanca ainda mais cativante, povoado por personagens das mais
diversas nacionalidades e personalidades.
Apesar da pretensa e autoproclamada
neutralidade do personagem Rick (Humphrey Bogart), a política é um tema que
perpassa constantemente o filme, do início ao fim. Além da descoberta em meio à
película da participação de Rick em dois conflitos armados (a invasão da
Etiópia pela Itália em 1935, na qual negociou armas para os africanos, e a
Guerra Civil Espanhola em 1936, pelo lado republicano – revelando assim uma
propensão antifascista), a trama se desenrola em plena Segunda Guerra Mundial,
em meio a um dos períodos mais obscuros da história europeia, o apogeu do
domínio nazista na Europa continental. A deflagração do conflito, em setembro
de 1939, deu-se, sabidamente, como uma reação à invasão da Polônia pelas tropas
alemãs. No entanto, a política expansionista de Hitler já havia começado
anteriormente, com Anschluss da
Áustria, a anexação da região dos Sudetos e posteriormente a da Tchecoslováquia
como um todo, em 1938, expansão esta (compartilhada pela Itália de Mussolini, que
havia avançado sobre a Albânia) que foi assistida passivamente pelos demais
países europeus, dentro da política de apaziguamento, visando evitar um
confronto bélico aberto, tendo em vista as nefastas consequências econômicas,
humanas e psicológicas da Primeira Guerra Mundial.
Após um breve período de calma
seguindo a derrocada polonesa, a ofensiva do Terceiro Reich, sob a forma da
famosa tática do Blitzkrieg, a guerra
relâmpago, tomou corpo no ano de 1940, com as subsequentes invasões de
Dinamarca e Noruega, em abril, e de Holanda, Bélgica, Luxemburgo e França, em
maio. Até 1942, as forças do Eixo invadiriam também a região dos Bálcãs,
incluindo sob seu domínio Hungria, Bulgária, Romênia Iugoslávia e Grécia, atingindo,
com o início da ofensiva sobre a Rússia, o seu máximo poderio territorial,
tendo o controle, direto ou sobre a forma de Estados-satélites, de toda Europa
Continental, à exceção dos países considerados neutros (Espanha, Portugal,
Suíça, Suécia e Turquia).
A conquista da França pelas tropas nazistas,
que mais nos interessa aqui, foi um dos episódios mais traumáticos da história
francesa. Tendo as tropas alemãs invadido a França em maio de 1940, através da
Bélgica, flanqueando o ultrapassado sistema de defesa da Linha Maginot, acabaram
por derrotar as forças francesas em pouco mais de um mês. A entrada dos
nazistas em Paris em 14 de junho de 1940 foi um profundo golpe ao orgulho
francês e aos seus ideais de civilização, aos olhos dos quais, os germânicos,
sua cultura e seus métodos de guerra eram simplesmente bárbaros. Mais do que
isso, significou a rendição da França poucos dias depois, através da assinatura
de um armistício, por iniciativa do marechal Philippe Pétain, apesar da
contrariedade de muitos soldados e civis, realizado em Compiègne, local
significativamente escolhido por ter sido onde ocorreu o armistício que pôs fim
à Primeira Guerra e que significou duras e humilhantes sanções à Alemanha;
portanto, mais uma pancada no ferido orgulho francês.
Além de prever a anexação das
províncias da Alsácia e Lorena, tradicional objeto de disputa entre França e
Alemanha, para esta última, as resoluções desse segundo armistício de Compiègne
dividiram a França em duas: o governo francês mantinha o controle “simbólico”
do país e de suas colônias, porém, na prática traçou-se uma linha em seu
território, separando uma zona a norte e oeste, incluindo Paris, os portos do
Atlântico e as regiões industriais do norte, à qual os nazistas reservaram-se o
direito de ocupação; e outra ao sul e a leste, onde o governo francês manteve
sua soberania, na forma do novo regime de Vichy, sob a liderança do Marechal
Pétain. A França de Vichy
carrega consigo a pesada designação de colaboracionista, pois, de fato, apesar
de ser um Estado nominalmente não-ocupado, empreendeu uma política de total
colaboração com o Eixo, sendo na prática pouco mais que um Estado-satélite
deste.
Os franceses e o pensar-duplo.
É no contexto de uma Alemanha
nazista caminhando a passos largos rumo ao seu apogeu territorial, e dessa
França partida em duas que se desenrola a trama de Casablanca; e o personagem do capitão Louis Renault (Claude Rains) reflete
bem a mentalidade de um francês diante de sua pátria dividida entre a ocupação
nazista e o colaboracionismo.
O historiador Pierre Laborie, ao
tentar compreender como os franceses lidaram com a situação que lhes era
apresentada – da derrota e divisão de sua nação e da adesão ou colaboração com
o regime com o qual até então estavam em guerra –, e seus posicionamentos
perante ela, aponta para a prevalência de uma cultura do duplo. Nas atitudes dos franceses sob Vichy, a
ambivalência ocupou um papel de destaque:
As alternativas simples entre petanismo
e gaullismo, resistência e vichismo ou resistência e colaboração fornecem
apenas imagens redutoras das vivências dos contemporâneos. Sabe-se assim que
uma maioria de franceses chorou a derrota sem desejar o armistício, que foram
capazes de aplaudir fervorosamente o marechal Pétain enquanto rejeitavam o
regime de Vichy, que conseguiram ser irredutivelmente hostis ao ocupante sem
por isto se tornarem resistentes (...) (LABORIE, 2010: 38).
Laborie identifica uma visão comum
dos franceses sob Vichy, permeada por interpretações de ordem moral, que
relacionava sua mentalidade a uma ambiguidade oportunista:
Falou-se da esquizofrenia dos franceses,
mas também de seu profundo senso de acomodação e mudança brusca de atitude, de
sua virtuosidade para se colocar a favor do vento, de sua inclinação à
indecisão; viu-se nisso, um oportunismo calculista, duplicidade, cinismo,
covardia (LABORIE, 2010: 38).
Para o autor, no entanto, mais do
que simplesmente por um cálculo cínico ou interesseiro, mas pelas imposições e
ditames da situação política do momento, o pensar-duplo pertenceu efetivamente ao
universo mental dos franceses sob Vichy. Seja por uma verdadeira simpatia por
causas que ao final provaram ser antagônicas, mas que à época poderiam não ser
percebidas assim; seja pela necessidade de ocultar uma face não condizente com
o regime político ao qual estavam subordinados.
O personagem Renault é um grande
símbolo desse homem-duplo, de um modo de pensar ambíguo, embora se assemelhe
mais à segunda descrição de Laborie, a permeada por um julgamento moral: um
homem cínico, inescrupuloso, que tenta tirar vantagens pessoais diante da
situação, que se admite como uma pessoa “sem convicções”, que “vai conforme o
vento” (citações do próprio filme). Renault, no entanto, acaba revelando-se, ao
final, um nacionalista, um patriota, simpatizante dos ideais de resistência ao
nazismo, ao descartar simbolicamente os ideais vichistas, quando joga no lixo
uma garrafa da famosa água de Vichy.
A tensão percebida a cada diálogo
entre Renault e o Major Heinrich Strasser (Conrad Veidt) demonstra bem a
complicada situação em que o oficial francês se encontra e sua ambiguidade de
pensamento. De fato, outro elemento a destacar no filme é em relação aos
confrontos entre os nacionalismos francês e alemão, que naturalmente tenta
suprimir as manifestações do primeiro. Há duas cenas emblemáticas a esse
respeito: a discussão entre a personagem Yvonne (Madeleine LeBeau) e um soldado
francês, pela moça estar acompanhada por um militar alemão; e a antológica cena
em que os oficiais nazistas entoavam o Die
Wacht am Rhein, tradicional canção nacionalista alemã (muito ligada à
Primeira Guerra e à questão da defesa da fronteira natural do Reno), sendo
sobrepujados pelo coro da Marselhesa, puxado por Victor Laszlo (Paul Henreid).
O Orientalismo em Casablanca.
Tendo examinado um pouco das
relações políticas em jogo naquele momento, cabe também considerarmos o espaço
onde se desenrola a trama. A película nos apresenta uma rota de fuga de
refugiados, opositores e perseguidos pelo nazismo, de uma Europa Ocidental sob
o controle do Terceiro Reich: saindo de Paris e da zona de ocupação, em direção
ao porto de Marselha, e daí navegando até o norte da África, para o importante
porto de Oran, no território colonial da Argélia, e então, finalmente, para
Casablanca no Marrocos francês.
O Marrocos foi, ao longo do século
XIX (e mesmo antes), alvo de disputa dos países europeus, nem tanto pelas
oportunidades financeiras que o país proporcionava, mas principalmente por sua
importância política e estratégica, visto que se situa na porta de entrada para
o Mediterrâneo. Entretanto, sua inserção dentro do imperialismo europeu se deu
tardiamente, quando comparada à chamada partilha da África. Henk Wesseling
(1998: 365) chega a classificá-la como um epílogo desse processo, visto que as
assinaturas dos principais tratados que fixaram as esferas de influência
europeias na África Ocidental, Central e Oriental haviam se dado na década de
1890, ao passo que no Marrocos esta disputa se resolveu somente duas décadas
depois.
Não obstante seu caráter tardio, os
debates, tensões e disputas que ficaram conhecidos como a “questão marroquina”
foram de grande importância para as relações diplomáticas na Europa. Além da
França, cujos interesses se relacionavam principalmente a assegurar a fronteira
oeste da Argélia, quatro grandes potências se puseram em disputa pelo Marrocos:
Espanha, por razões de proximidade e de relações comerciais e coloniais
históricas, além de Inglaterra, Itália e Alemanha, cujas intenções eram mais no
sentido de obstar a livre hegemonia francesa, dentro do complexo jogo de
interesses imperialistas. Sendo resolvidas de modo relativamente tranquilo as
disputas com Espanha, que, enfraquecida, contentou-se com uma pequena porção do
norte marroquino, incluindo as cidades de Ceuta, Melilla e Tânger; e com Itália
e Inglaterra, que receberam compensações, respectivamente o reconhecimento dos
interesses italianos na Líbia, e o dos ingleses no Egito, além de estabelecer
com o último o acordo diplomático conhecido como Entente Cordiale, o qual alterou substancialmente o quadro das
relações internacionais europeias nos anos seguintes; a rivalidade franco-alemã
foi a que tomou contornos mais dramáticos dentro da questão marroquina, mesmo
que ao fim, os germânicos se contentassem igualmente com uma compensação
territorial.
As grandes consequências da questão
marroquina para a Europa se expressaram no sentido da alteração da configuração
diplomática do continente, pela superação da rivalidade histórica entre França
e Inglaterra, por meio do acordo que estabeleceram com a Entente Cordiale, e pela exposição de tensões e ressentimentos
imperialistas, em especial da França com o Império Alemão, que viriam a
culminar na Primeira Guerra Mundial. O Tratado de Fez, em 1912, que estabelecia
o Marrocos como um protetorado francês, significou para estes a consolidação do
flanco ocidental argelino e a garantia do domínio sobre o Magreb; para os marroquinos,
significou a subordinação aos franceses:
Na teoria, o Tratado de Fez estabeleceu
um tipo de governo duplo no Marrocos. O sultão preservava suas prerrogativas de
soberania, mas entregava o controle da justiça, defesa, relações exteriores e
finanças. Não podia fazer nada sem o consentimento do general-residente
francês. Reciprocamente, o último não podia fazer nada sem o consentimento do
sultão, mas isso em grande parte era uma cláusula teórica. Na prática, o
sistema de governo duplo acabou se tornando um sistema de governo direto da
França. O estado marroquino sobrevivia apenas na forma. No conteúdo, tornou-se
francês (WESSELING, 1998: 389).
Um Marrocos sob o controle francês –
sob o controle de Vichy a partir de 1940, como fica patente pelas
representações do marechal Pétain nas paredes da cidade, é o cenário que nos é
apresentado então no filme Casablanca.
Vale ressaltar ainda o caráter exótico do ambiente marroquino onde se desenrola
a trama, um dos elementos que tornam a película atraente, o qual podemos
remeter a uma das faces do que Edward Said chamou de Orientalismo.
Na elaboração deste conceito, Said
parte da noção de que o binômio Ocidente-Oriente não tem uma existência física
e geográfica real; mas são representações, resultados de elaborações históricas.
Neste sentido, o Orientalismo seria um “estilo de pensamento baseado em uma
distinção ontológica e epistemológica feita entre o ‘Oriente’ e (...) o ‘Ocidente’”
(SAID, 2007: 29), um modo de pensar esse binômio, que
pressuporia uma intrínseca superioridade europeia, ocidental. Apesar disso, o
Orientalismo não seria algo desenvolvido apenas no plano das ideias. Teria sim
um embasamento na realidade material da região dita oriental, e mais, na
realidade das relações de poder e dominação que os europeus estabeleceram com
ela:
Mas nada nesse Oriente é meramente
imaginativo. O Oriente é uma parte integrante da civilização e da cultura material europeia. O Orientalismo
expressa e representa essa parte em termos culturais e mesmo ideológicos, num
modo de discurso baseado em instituições, vocabulário, erudição, imagens,
doutrinas, burocracias e estilos coloniais (SAID, 2007: 28).
Muito ligado a uma “ideia de Europa”
e, por conseguinte, a uma ideia do “Outro”, o Orientalismo foi ao mesmo tempo
uma representação do “Oriente” e um discurso que embasou e legitimou o
imperialismo europeu na Ásia e na África; representou um estilo ocidental para
dominar, reestruturar e ter autoridade sobre o Oriente, a imposição de uma
hegemonia cultural.
Neste sentido, sem pretender
esgotá-lo, cabe ressaltar dois aspectos do multifacetado conceito de Said que
têm consequências para o filme. Em primeiro lugar, há que se destacar a
prevalência de uma representação europeia acerca do que era o “Oriente”, seu
ambiente, habitantes e cultura. Por meio de fontes variadas, desde relatos de
viajantes até as experiências coloniais, construíram-se estereótipos, noções
daquilo que seria o “tipicamente oriental”. Estas noções (deixando um pouco de
lado sua vinculação a questões mais práticas da dominação imperial) acabaram
por conceder ao “Oriente” uma tônica romântica, exótica:
O Oriente era praticamente uma invenção
europeia e fora desde a Antiguidade um lugar de episódios romanescos, seres
exóticos, lembranças e paisagens encantadas, experiências extraordinárias
(SAID, 2007: 27).
De fato, em Casablanca, um dos elementos que permeiam a atmosfera do filme é o
exotismo do espaço onde se desenrola a ação. Vários elementos acentuam esse
caráter: a música de abertura, que, antes de desembocar na Marselhesa, evoca
uma atmosfera de aventura num país tropical; as breves cenas que mostram a
cidade e seu comércio, com vendedores e artigos “tipicamente orientais”; a
arquitetura do Rick’s (e de outras construções); a indumentária, os trajes
“típicos” marroquinos; os narguilés que se entreveem em certas cenas, etc. Tudo
isso denota ao filme um ar romântico de aventura e fascinação pelo exotismo
oriental.
Em segundo lugar, e fortemente
ligado à primeira, destaca-se o já comentado elemento de dominação presente das
representações orientalistas. Apesar dos elementos acima levantados serem
inevitavelmente componentes importantes do filme, percebe-se o papel secundário
que é dado à Casablanca e aos marroquinos. De fato, nenhum personagem “nativo”
tem um papel principal. O máximo de contribuição que dão à trama é como empregados
do estabelecimento de Rick. Eficientes e dedicados, sim; porém, nada mais do
que secundários. Neste sentido, para os efeitos do filme, Casablanca parece
mais ser uma adjacência colonial político-cultural de uma Europa imperial, uma
mera extensão exótica do continente europeu, um cenário de luxo no qual os
“ocidentais”, em seus chiques cafés e bares europeus instalados em pleno norte
da África, dão continuação a suas relações, tramas e intrigas, sem dar muita
importância ao que estas possam significar para os marroquinos, muito menos às
preocupações próprias destes, os quais sequer figuram de modo relevante no
filme. Casablanca é também, assim, um
belo retrato cultural do Orientalismo, ou de algumas de suas manifestações.
Assim, as circunstâncias e determinações
desse complexo e interessante contexto político internacional, brevemente
referidas aqui, fazem com que se cruzem em Casablanca os destinos de um
norte-americano expatriado, proprietário do mais bem-sucedido estabelecimento
da alta boemia local; uma bela e romântica jovem norueguesa; um militante
tchecoslovaco, herói e símbolo da resistência ao nazismo na Europa; um
inescrupuloso militar francês, com ambíguas filiações ao governo
colaboracionista; um alto oficial do exército alemão do Terceiro Reich; além de
um talentoso pianista afro-americano, aproveitadores e “negociantes” ilegais
italianos, e até um jovem casal de refugiados búlgaros. Enfim, personagens com
as mais variadas trajetórias e origens – cuja multiplicidade confere um
atrativo especial para o filme – e que se encontram nas areias, ou melhor, em
um bar de uma “exótica” cidade marroquina. Pois, afinal, “todo mundo vai para o
Rick’s”.