domingo, 25 de agosto de 2013

Sábado Dia 31/08!!!

Sábado, dia 31/08
 
Sala Redenção
 
15:30
 
O Decameron
 
 
 
Restaram algumas vagas!
 
Aproveite e se inscreva, a partir das 15 horas!

Conheça os Palestrantes


Jose Rivair Macedo


Possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade de Mogi das Cruzes (1985) e doutorado em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (1993). Atualmente é Professor Associado 4 no Departamento de História . da UFRGS, e professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. Tem experiência na Área de História, com ênfase em História das Sociedades Africanas Antigas, atuando principalmente nos seguintes temas: africanos e portugueses no contexto da abertura do Atlântico (séculos XV-XVII); fulas e mandingas na Senegâmbia e na Guiné (séculos XV-XVIII); tendências de abordagem da africanologia. Desde 2007 vem atuando na produção e divulgação do conhecimento da história das sociedades africanas, tendo coordenado a publicação do livro Desvendando a História da África (EDUFRGS, 2008) e coordenado o projeto de cooperação entre a UFRGS e a Secretaria de Educação Continuada, Educação e Diversidade do Ministério da Educação (SECAD-MEC) que resultou na produção do Vídeo-documentário Viajando pela África com Ibn Battuta (2010). Realizou estágio sênior da CAPES junto à Universidade de Lisboa, com o plano de atividades em torno do tema: "Portugueses e africanos no contexto da abertura do Atlântico" (2012). É sócio da Academia Portuguesa da História. Autor dos livros: Riso, cultura e sociedade na Idade Média; Heresia, cruzada e Inquisição na França medieval; A Mulher Na Idade Media; Organizou os seguintes livros A Idade Média no cinema; Os viajantes medievais da Rota da Seda.

Para acessar seu currículo: http://lattes.cnpq.br/7747731188919060
 
 
Nilton Mullet Pereira

Licenciado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1992), Mestre em
Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1998) e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da área de Ensino de História. Pós-Doutorado em História Medieval, na UFRGS. Investigador Visitante na Universidade de Alcalá, em janeiro de 2009, realizando pesquisa no acervo da Biblioteca Nacional de Espanha. Pesquisa o papel do uso de fontes no ensino da História, através do projeto Vestígios do Passado: as fontes no ensino de História. Autor do livro: Possíveis Passados: representações da Idade Média no ensino da História.

Para acessar seu currículo: http://lattes.cnpq.br/2674881975631801
 

 

DO TEXTO QUE DESVELA À NUDEZ QUE REVELA!



DO TEXTO QUE DESVELA À NUDEZ QUE REVELA!

O DECAMERON DE BOCACCIO A PASOLINI
 
Cesar Augusto Barcellos Guazzelli
Professor da UFRGS

 

            Decameron é a obra mais conhecida de Giovanni Bocaccio (1313-1375) que, junto com Dante e Petrarca, é considerado um precursor do Renascimento italiano. O nome é deriva do grego, significando dez dias, que é tempo de duração da história. Ela ocorre durante o grande surto de peste bubônica que atingiu as cidades italianas a partir de 1348, e o livro teria sido escrito entre 1348 e 1353.

            Além de difundir o humanismo precocemente, o Dacameron inova por ser em prosa, no vernáculo da época. Faz uma crítica mordaz da sua época, salientando aspectos mais mundanos da nobreza e do clero, assim como dos grupos abastados recentes, como os comerciantes. Os aspectos mais relevantes são os temas amorosos, numa clara oposição ao “amor cortesão” da cultura medieval; em Bocaccio predominam o desejo sexual e as relações carnais. Advoga no texto os anseios femininos: “mulheres que estas novelas lerem poderão obter prazer e útil conselho das coisas reconfortantes que as narrativas mostram. Saberão aquilo que é conveniente fugir e, do mesmo modo, aquilo que deve ser seguido.” Como o livro é dedicado às mulheres, Bocaccio se desculpa pela linguagem de “excessiva liberdade” levando as personagens femininas a dizer “coisas que não são as mais convenientes de serem ditas”.

            O livro inicia por uma descrição muito realista da Peste Negra em Florença. Em meio ao caos da cidade, sete amigas – Pampinea, Fiammetta, Filomena, Emília, Lauretta, Neifile e Elisa – se juntam a três rapazes – Pamfilo, Filóstrato e Dioneo – para um retiro de dez dias numa herdade afastada, cercados de todos os luxos possíveis. Em cada um dos dez dias, ou jornadas, eram contadas dez novelas, uma por cada conviva. Exceto a 1ª e a 9ª Jornada, existe nelas uma temática própria: na 2ª e na 3ª, as novelas tratam de personagens que alcançam seus desejos apesar de muitos contratempos que enfrentam ao longo das tramas; a 4ª versa sobre amores que tiveram finais infelizes; a 5ª sobre histórias que terminaram bem; a 6ª trata de presença de espírito e respostas mordazes a perguntas ou ações capciosas; a 7ª sobre mulheres que enganaram seus maridos com outros homens; a 8ª aborda burlas de maneira geral; a 10ª Jornada lida com ações generosas com os outros em relação ao amor e também outros assuntos. Cada novela contada é o eixo condutor que encaminha a seguinte, e assim por diante.

            Em 48 novelas, o tema é um caso de amor, de mulheres com desejos ardentes, e que pressupõem prazer para ambos os parceiros: “vezes sem conta satisfizeram os respectivos desejos” (2ª Novela, 2ª Jornada); “Logo entraram no leito e ali conheceram os prazeres máximos do amor” (5ª Novela, 3ª Jornada); “Os dois auferiram, um do outro, grande prazer e intenso deleite” (6ª Novela, 3ª Jornada); “A mulher e seu amante entregaram-se amiúde às carícias; o seu amor e os seus prazeres prosseguiram sempre, cada vez melhores” (10ª Novela da 5ª Jornada).

            O autor usa de metáforas primorosas para evitar expressões chulas: “diziam a verdade ao esclarecerem que era coisa suave o servir a Deus” (10ª Novela, 3ª Jornada); “naquela posição em que, nos grandes campos, os cavalos livres, levados pelo amor, assaltam as éguas” (3ª Novela, 7ª Jornada); “para lhe ensinar como se reza o padre-nosso; não somente um padre-nosso, mas talvez uns quatro” (4ª Novela, 7ª Jornada). Algumas destas alegorias são dirigidas aos órgãos sexuais, como estas: “cavalgando a fera de São Bento, ou então de São Gualberto” (4ª Novela, 3ª Jornada); “Ricardo engaiolou o rouxinol, de dia e de noite”, (4ª Novela, 5ª Jornada). Merece destaque a 10ª Novela da 3ª Jornada, na qual uma simplória beata enganada por um “santo” eremita tornou-se insaciável: “se o seu diabo já está castigado, e não mais lhe causa aborrecimentos, o caso é que a mim, o meu inferno não me deixa sossegada”.                     

            O adultério feminino é o tema de 23 histórias, sendo sempre justificado. Pode ser pelo mero apelo sexual: “Como acontece, com muita frequência, que um homem não pode comer sempre o mesmo alimento, e como ele quer variar, também isso se deu com a tal mulher” (6ª Novela, 7ª Jornada). Casos de insatisfação são frequentes: “era dessas que têm necessidade de dois maridos, não de um” (10ª Novela, 5ª Jornada); “vivo pouquíssimo satisfeita com aquilo de que as mulheres jovens mais prazer auferem” (9ª Novela, 7ª Jornada). Os maridos possessivos mereciam castigo: “acho bem feito o que lhes fazem as mulheres dos ciumentos” (5ª Novela, 7ª Jornada); “se ele recebeu e tomou de mim aquilo de que necessitava, e que era do seu agrado, que devo eu fazer com a sobra? Devo atirar aos cães?” (7ª Novela, 6ª Jornada).   

            Mas os maridos em geral agiam com complacência: “se creio que minha esposa se entrega a qualquer aventura, ela se entrega mesmo; se não creio, ela entrega-se do mesmo modo” (9ª Novela, 2ª Jornada); “concedeu-lhe licença para fazer o que quisesse, com a condição de que o fizesse de modo tão hábil que ele nada percebesse” (4ª Novela, 7ª Jornada). Há um único caso de triângulo amoroso: “o rapaz foi visto na praça, sem muita certeza a ter acompanhado, naquela noite, o marido ou a mulher” (10ª Novela, 5ª Jornada); também relação a quatro entre dois casais: “cada uma daquelas duas mulheres teve dois maridos, e cada um daqueles homens teve duas esposas” (8ª Novela, 8ª Jornada).

            As histórias são também críticas sociais. Em 13 novelas aparecem referências à prepotência da nobreza: “querem ser chamados de gentis-homens, terem o nome de senhores e consideração de bem reputados, ainda que sejam a vergonha para os costumes de nossa época” (8ª Novela, 1ª Jornada); “Os sumos imperadores e os grandes monarcas quase não exercitam outra arte senão a de matar” (3ª Novela, 10ª Jornada). A burguesia ascendente é criticada em 33 das novelas – 26 delas voltadas para os comerciantes – pela sua cupidez. Por exemplo, “concidadãos, que estudam em Bolonha, regressam ao nosso convívio, ora na qualidade de juiz, ora de médico, e ás vezes de notários” (9ª Novela, 8ª Jornada); “é coisa sabida que a artimanha tanto mais agrada quanto mais sutil é o esperto por ela enganado” (10ª Novela, 8ª Jornada). 

            Há onze histórias envolvendo o clero. Importa frisar que Bocaccio mostra tolerância com outras religiões: “Cada povo considera que é possuidor de sua herança, de sua legítima lei e de seus mandamentos. Entretanto, quem está com a razão?” (3ª Novela, 1ª Jornada). Por outro lado, desprezava a hipocrisia dos eclesiásticos. Sobre o Vaticano afirma: “não me parece ver ali qualquer santidade, nem qualquer doação, nem qualquer obra pia nem exemplo de vida decente, em pessoa de clérigo” (2ª Novela, 1ª Jornada); também acerca das práticas cristãs: “a hipócrita caridade fradesca que dá aos pobres o que deveria ser atirado aos porcos” (7ª Novela, 1ª Jornada). Assim, a atividade sexual dos padres não aparece como pecado, e eles se justificam com sofismas notáveis: “a santidade não diminuída por causa disto; a santidade está na alma; o que lhe peço é pecado de corpo” (8ª Novela, 3ª Jornada); outro frade diz “não afirmo que não seja pecado, mas pecados ainda maiores Deus perdoa”, e mais tarde sustenta que “quando eu despir este hábito aparecerei aos seus olhos como um homem igual aos outros” (3ª Novela, 7ª Jornada); outro religioso ainda se gaba afirmando: “sim, sabemos fazer essas coisas melhor do que ninguém” (2ª Novela, 8ª Jornada).      

            O filme Decameron de Pier Paolo Pasolini estreou em 1971 obtendo prêmios, mas também muitas críticas pela “obscenidade” de muitas cenas. O que fora insinuado em Bocaccio apareceu explicitamente no filme, como a nudez dos personagens com ênfase nos órgãos genitais, durante as relações sexuais. Pasolini também sua versão do Decameron para trazer à tona graves questões sociais, atacar a hipocrisia da Igreja, os políticos conservadores e a ambição da burguesia. A defesa da liberdade sexual tem a ver com sua homossexualidade, que o fazia vítima de preconceitos e discriminações.

            O filme apresenta de nove histórias. A primeira delas é a 5ª Novela da 2ª Jornada, intitulada “Os perigos de Nápoles”. O ingênuo Andreuccio, vindo de Perugia para comprar cavalos, foi vítima de uma prostituta farsante e de dois bandos de ladrões, mas conseguiu recuperar o dinheiro que havia perdido. Segue-se a notável história de “O jardineiro do convento”, 1ª Novela da 5ª Jornada; o jovem Masetto fingindo-se de mudo consegue trabalho num convento, tornando-se atração sexual para todas as freiras, incluindo a madre superiora. A exposição frontal das vulvas das freiras erguendo seus hábitos, assim como o pênis ereto do jardineiro, geraram comentários indignados. Numa das mais pícaras – a 2ª da 7ª Jornada, chamada “De qualquer maneira” – a esperta Peronella, esconde o amante num tonel, e convence o esposo de que ele é um comprador que está examinando o barril; na sequência, obriga o marido a limpá-lo, enquanto recebe o amante por trás. Estas três novelas estão “amarradas” por um fio condutor, a 1ª Novela da 1ª Jornada, “O trespasse de um pecador”: Ciappeletto, um grande pecador, engana um padre de boa fé com uma confissão falsa, sendo considerado santo após a morte. Trechos desta história são intercalados àquelas três, todas elas mostrando uma excelente reconstituição histórica.  

            A 5ª Novela da 6ª Jornada, “A sertã e o caldeirão”, serviu de guia para outras quatro. O texto de Bocaccio era muito simples, narrando um episódio do grande pintor renascentista Giotto. Pasolini transforma esta passagem numa viagem a Nápoles de um aprendiz de Giotto, contratado para realizar afrescos na Igreja de Santa Clara. Trechos da jornada e do trabalho se intercalam com as demais novelas. “O cantar do rouxinol”, 4ª Novela da 5ª Jornada é sobre o encontro de Ricardo e Caterina, que dormia num balcão da casa para ouvir o canto do rouxinol; de manhã o pai surpreende os amantes dormindo nus, com o “rouxinol” do rapaz preso pela mão de Caterina. Bem trágica é a 5ª Novela da 4ª Jornada, chamada “O manjericão”: os irmãos da jovem Isabetta matam seu amante, que em sonhos revela à amada onde foi sepultado; ela desenterra o corpo, separa a cabeça e a coloca num vaso de manjericão, junto ao qual passa chorando. Segue-se “Os dois estúpidos”, a divertida 10ª Novela da 9ª Jornada: o padre Gianni convence Pietro e a esposa de que pode transformá-la numa égua, para trabalha durante o dia. Para tanto, precisa realizar um encantamento com a mulher nua, e o feitiço se completaria só com a colocação de uma “cauda”, o que faz à vista do marido. A última narrativa e “As impressões do além...”, 10ª Novela da 7ª Jornada: os amigos Tignoccio e Meuccio desejam a comadre do primeiro, que obteve sucesso no assédio. Tignoccio morreu pouco depois, e o amigo temia que fosse castigo divino; vindo do além para contar a Meuccio como eram suas penas, informou que dormir com a comadre não era pecado, fazendo com que o amigo renunciasse à castidade com suas muitas comadres.

            Ao final, de certa forma recuperando as Despedidas que no livro encerravam cada Jornada, o pintor discípulo de Giotto termina sua obra, admirando a beleza de seus afrescos. Como o artista foi representado no filme pelo próprio Pasolini, é clara a analogia que faz entre a ficção e a realidade; ou seja, ele como diretor estava muito recompensado pelo resultado de sua obra. A semelhança que ele mesmo se atribuiu a Bocaccio, quebrando convenções sociais e estéticas, cobra sentido. As dessemelhanças, em especial a malícia no jogo das palavras do renascentista e a crueza mostrada no cinema de Pasolini, não diminuem a qualidade da obra; ao contrário, atualizam o tema do amor e do sexo, as interdições e busca de liberdade em cada tempo histórico.   

A Bela do Sábado de Tarde




Monique van Vooren

Atriz belga nascida em 1925 participou de Flesh for Frankenstein e da série TV Batman
 












Decameron


sábado, 17 de agosto de 2013

O Ciclo inicia no próximo sábado!!!

Curso de Extensão + Certificado (56 Horas):
R$ 20,00

Inscrições: Sexta dia 23/08 das 16:00 as 20:00

e sábado, dia 24/08 a partir das 14:00

Na Sala Redenção

Conheça os Palestrantes

Sábado: dia 24/08 as 15:30
Satyricon de Fellini
 

Cesar Augusto Barcellos Guazzelli

É professor de História da UFRGS. Dedica-se as áreas de História da América Latina, Teoria e Metodologia, História e Literatura e História Social do Futebol. Foi orientador da primeira tese no Rio Grande do Sul sobre História e Futebol, e desde 2005 ministra, de forma pioneira, a disciplina de História Social do Futebol na UFRGS. Foi a partir de sua disciplina que os alunos organizaram o maior campeonato acadêmico de futebol da UFRGS: a Taça Cesar Guazzelli, que já contou com 7 edições em 5 anos. Também tem se dedicado a trabalhos relacionados a área Cinema-História, coordenando diversas atividades nos últimos anos. Publicou mais de 14 livros e 31 artigos em periódicos especializados.

Para acessar seu currículo: http://lattes.cnpq.br/4706540695818245





Anderson Zalewski Vargas

Possui graduação em Licenciatura Em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1986), mestrado em Pós-Graduação Em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul(1992) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da Grécia Antiga, atuando principalmente nos seguintes temas: razão, historiografia, mito, historiografia antiga e relação entre história e retórica nos mundos antigo e contemporâneo.

Para acessar seu currículo:
http://lattes.cnpq.br/0761891182417748
 
 

Texto. Em Breve!

A Bela do Sábado de Tarde



A Bela do Sábado de Tarde



Capucine, nascida Germaine Lefebvre cursou Belas Artes e foi descoberta por um fotógrafo de moda. Em Hollywood trabalhou com cineastas como King Vidor, George Cukor e Henry Hathaway. Dividiu a cena com Peter Sellers em A Pantera Cor-de-Rosa e com Charles Bronson em Sol Vermelho.
 









 

Trailer Satyricon